Pensar nem sempre é estar doente dos olhos

O maravilhoso heterônimo de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, diz em um dos poemas que amamos que " pensar é estar doente dos olhos", porque ele quer que seus leitores se ponham a sentir o mundo. Mas, como hoje poucas pessoas fazem qualquer uma das duas coisas ( pensar e sentir), permitimo-nos dizer que sentir é fundamental, mas pensar também. Exercite essas duas capacidades: leia mais, viaje mais, converse mais com gente interessante, gaste seu tempo discutindo ideias e não pessoas.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

De quando a boa educação se torna uma falha

 

Os recentes episódios envolvendo o abusadinho Neymar, jogador do Santos Futebol Clube, me levam a crer que os valores educacionais estão realmente sendo substituídos por interesses comerciais, por mais que isto seja óbvio. Como pode um garoto mimado, sem educação, grosseiro, que se acha melhor do que os demais porque enriqueceu, conseguir derrubar um técnico que, corretamente, o puniu para educá-lo? Desde quando impor limites é crime?

Casos como este, ao contrário do que pensam muitos, não dizem respeito apenas ao universo do futebol: eles ilustram a incapacidade de muitos pais de darem limites e valores morais a seus filhos. A demissão de Dorival Dias, por ter punido Neymar, da ao protegidinho projeto de craque a sensação de que a vida correrá sempre de acordo com aquilo que ele quiser e mais: que ele tinha razão, como é rico, pode tudo. E eu ainda vejo pessoas defendo o garoto: ele é adolescente, são coisas da idade. Sim e daí? Errou, tem de ser punido, precisa saber que o mundo tem regras que não são as dele, que respeito é bom e todos gostam. Além disso, precisa saber que existe algo chamado hierarquia , respeito àqueles que são nossos superiores em cargos; além de entender uma lição que deveria ter trazido de casa: se não respeitou o técnico por ser seu superior hieráquico que pelo menos o respeitasse por ser mais velho, assim manda a boa educação. Eu realmente temo viver num mundo povoado por esses reizinhos mandões intocáveis, “umbigocêntricos”, sem poder de frustração. Quando magoados, eles liberam uma agressividade difícil de conter.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Um conto novo

 O texto a seguir foi terminado hoje, após alguns dias de trabalho. É um pouco longo, espero que tenham paciência para ele.
AT LAST – GIOVANA MARQUES FONTES
Já passava das seis da tarde quando ela entrou no taxi. Nova Iorque naquela época do ano costumava ser um pouco abafada ou talvez, nem isso, sufocante mesmo. Exageros de turistas deslumbrados transitando na quinta avenida, loucos por fotos do Rockefeller Center, da Catedral St. Patrick. Gente barulhenta! Nova Iorque definitivamente não era mais a mesma. Quando Beatriz chegara ali, no início dos anos 90, a cidade tinha mais glamour, embora fosse também menos segura. Não que a Big Aplle perdera todo o seu charme, mas aquela avalanche de novos ricos a incomodava. Uma gente sem modos, que gargalhava alto, chamando a atenção das pessoas. Umas mulherzinhas magras, de voz estridente, desfilando suas recém aquisições de Louis Vuitton e Prada, alardeando sua riqueza insignificante ( sim, porque perto dos verdadeiros ricos de Manhattan, não passavam de pobres metidinhas a besta, as quais mal falavam português, que dirá inglês), tendo espasmos em frente à vitrine da Tiffanny & CO, sonhando com “diamond rings”, crendo que Marilyn Monroe tinha razão: “ Diamonds are a girl’s best friend”. Gente tonta!
Quando o taxi dirigido pelo mesmo homem indiano habitual, muito atencioso, a deixou na esquina da quinta com a 42 ela se sentiu aliviada. Já via a Grand Central Station, certamente um metrô bem menos barulhento e cheio de turistas a levaria para casa. Mas onde afinal estava o aviso da linha que ela queria pegar? Estranho não haver informação sobre ele, fazia dias que ela não encontrava o Metrô e acabava rumando a pé para Lower Manhattan, a caminho da Liberty St com a Church St. Quando deixou o Brasil para estudar música na Julliard School, Beatriz pensava em voltar, ela gosta de ser brasileira, tem orgulho do seu país, com todos os defeitos que ele possui, mas com o tempo ela foi se sentindo tão local que já não tinha mais como retroceder. De mais a mais a família dela vivia no interior de São Paulo, num local onde não poderia viver de sua arte – violoncelista em Pirapozinho? Nem como piada tinha graça. Bem, isso a obrigaria a mudar para a capital do estado ou pro Rio. O que ocorre é que do Rio, como toda boa paulista, ela não gostava, não iria para lá nem morta! E Sampa, o que dizer de Sampa, é um superlugar, porém NY também era e ela já estava estabelecida lá, tocava com grandes músicos, enfim... o sacrifício não valeria a pena, por isso foi ficando.
Agora, 11 anos depois, certamente não haveria retrocesso, ela conseguira o Green Card e já aprendera a amar Manhattan, sentia-se quase uma personagem do Sex and the City, não fosse pela ausência do sex, afinal namorados e afins tinham passado longe dela pelo menos nos últimos seis meses ou mais, já perdera a conta. Ou talvez, ela até fosse mesmo como a Charlotte, a mais romântica das quatro amigas. Acho que precisava de um pouco de Samantha, às vezes, mas suas incucações com o próprio corpo a impediam de ser tão impetuosa e segura de si como a personagem ninfomaníaca.
Tudo naquele dia corria como de costume: o mesmo taxista, o mesmo trem que não vinha, porém algo a incomodava sobremaneira, embora Bia não tivesse percebido que o taxista indiano observava de longe, há dias, o ritual cumprido por ela. Ela que sempre fora tão solícita, que sempre se interessara pelas pessoas e seus costumes, ela percebeu, pela primeira vez, que havia meses era levada à estação pelo mesmo taxista, só que nada sabia dele, a não ser que era indiano. Por que estaria ele em NYC? Pobreza em sua terra natal? Desilusão amorosa, seria ele um assassino procurado? Às vezes a cabeça de Bia pensava como os seriados de policiais que ela adorava: CSI, Criminal Minds, Law and Order... quando criança ela era aficcionada pelos livros de mistério da série vaga-lume, deliciou-se várias vezes com a releitura de O mistério do Cinco Estrelas, O rapto do garoto de ouro e Spharion, dentre outros. Já adolescente, devorou os livros de Agatha Christie, os romances e contos de Rubem Fonseca, também gostava de Maupassant, Conan Doyle e até Stephen King, lido no original nos tempos de curso de inglês. Claro que suas leituras iam muito além disso, Beatriz era uma mulher notável, com uma vasta cultura geral e um especial interesse pela música e as demais artes. É que esse passado todo ligado aos livros de mistério, somado aos seriados atuais, a tornavam investigativa e, por vezes, meio paranóica (teria ficado ainda mais se percebesse que o homem a observa constantemente). Fora isso precisamente que a fizera pensar no taxista: ele sabia todos os seus hábitos, ouvira diversas vezes suas conversas ao celular com os amigos, horários de encontros marcados. Pela primeira vez ela pensara que poderia ser ele o homem que vinha insistentemente tentando abordá-la sem se mostrar.
No primeiro dia em que recebeu as tulipas brancas ficou feliz, pensou que podiam ser de Jurgen, um alemão belíssimo, muito discreto, que dividira o palco com ela em diversas ocasiões. Havia tempo que ela o paquerava, mas não sabia como marcar um encontro, ele era tão reservado... só quando aquelas flores vieram seu lado adolescente sonhou que o príncipe a percebera, porém não havia cartão. Ela então esperou um sinal, mas nada. Eis que três dias depois, no mesmo horário, mais um buquê de tulipas brancas chegava, desta vez acompanhado por uma caixa. Bia teve medo abri-la. Depois do 11 de setembro todos ficaram um pouco paranóicos. E se fosse uma bomba? Sabe-se lá que tipo de malucos estão por aí. A curiosidade feminina, contudo, a consumia e ela arriscou: bem, dentro da caixa havia apenas um cd de Etta James, cujo encarte trazia grifada a música At Last. É claro que ela gostava tanto de Etta quando da canção e por isso a conhecia bem, mesmo assim resolveu ouvi-la novamente, atentando com cuidado para a letra: “ Enfim meu amor apareceu/ meus dias de solidão acabaram/e a vida é como uma canção/ enfim o céu acima está azul...” Era óbvio que o remetente das flores a amava, mas o que queria ele com tanto mistério? Por que não se apresentava ( ou se revelava)?
Como adorava simbologia, resolveu ver se encontrava um significado para as tulipas brancas. Encontrou um site que afirmava serem estas flores símbolo da declaração de amor e, como o branco é símbolo de pureza e paz, ela pressupôs estar diante de um admirador recatado e um pouco estranho, entretanto inofensivo. Contudo, ao fim de um mês de ritual, ela começou a se preocupar. Falou sobre isso com as amigas, que a aconselharam a ir à polícia. Para dizer o quê? O que eles poderiam fazer? Estariam interessados em um caso como esse tendo tantos crimes graves para resolver? Decidiu bancar Sherlock e descobrir por si mesma. Mas, até aquele fatídico dia, não havia suspeitado do taxista indiano. No dia seguinte, levou ao ensaio uma das tulipas e resolveu exibi-la consigo ao pegar o táxi: queria investigar a reação do homem ao ver a flor. Na verdade, como o trabalho acabara mais cedo, Bia ficou 25 minutos esperando até que aquele taxista passasse pela quinta avenida. Ninguém espera tanto por um veículo em NY, a menos que tenha um motivo: a cidade tem uma frota imensa de táxis. Mas eis que quando passavam cinco minutos das seis da tarde ele apareceu. “Good afterrrrnoon”, disse ele com seu sotaque inconfundível. Só que dessa vez ela perguntara algo a ele, em vez de simplesmente responder. Num misto de felicidade e pasmo ele respondeu: “vim para cá porque perdi minha família num acidente de avião. O choque me fez querer mudar de vida, abandonei minhas empresas em Kalyan, região metropolitana de Mumbai, e sai sem rumo pelo mundo. Após dois anos viajando cheguei a NYC: esse era o sonho de Shobba, porém eu não tinha coragem de concretizá-lo sozinho, por fim entendi que devia isso a ela.” “Ah, sim, ainda recebo dinheiro todos os meses e dividendos no final do ano, o taxi é apenas uma distração, achei que seria uma forma de conhecer pessoas longe das convenções sociais com que fui criado. Trabalho poucas horas por dia, só que gosto de estar aqui quando a senhorita passa”. Ao ouvir isso Bia estremeceu, seu sexto sentido a fez pensar que não sairia viva do táxi, contudo sua razão lhe disse que ela era tola e raciocinava como personagem de filme B .
Quando chegaram à rua 42, a pergunta de Anando ( esse era o nome dele) surpreendeu Beatriz: por que a senhorita nunca me pede que a deixe em seu destino final? Levaríamos menos tempo daqui até a Liberty com a Church St de táxi do que a senhorita leva a pé. Se sua preocupação é o preço eu cobro o mesmo, assim a senhorita não tem desgastes nem custos adicionais. Desculpe-me se a assustei, mas é que ouço tantas ligações suas que já intui para qual direção vai, porém não quis ser invasivo, só que tenho pena de vê-la caminhar tanto. Beatriz pagou a tarifa usual e desceu do taxi muda, atônita. Ao sair da Grand Central a pé, em direção ao 10006 Lower Manhattan, cuidou para ver se não era seguida. E era, mas o indiano se disfarçava bem na multidão, ela não pode percebê-lo. Naquela noite, sonhou que era seqüestrada e que sofria muito nas mãos de Anando antes que ele a matasse. Na manhã seguinte, ela foi diretamente à delegacia e reportou à autoridade de plantão tudo o que sucedera no último mês. O delegado ficou muito bravo com Bia, disse que ela deveria tê-los procurado antes, porque o perfil descrito por ela combinava com o de serial killers. Decidiu, então, sair da cidade sem deixar muitos vestígios. Bia ligou para o maestro com quem ensaiava para um novo concerto e disse que estava doente e se ausentaria por uns dias. Pegou apenas uma mala pequena, sua imensa nécessaire, o violoncelo e foi para o aeroporto. Já que teria de “fugir” iria para a praia, não havia nada de que ela gostasse mais do que o mar.
Chegando ao Maine, ligou para o Agente Hills, encarregado do caso dela. Ele disse que localizara Anando e que o estava seguindo, porém era impossível prendê-lo apenas por suspeita, a história dele sobre a família e as empresas era real. Além disso, Anando jamais tivera passagem pela polícia: que ela ficasse calma ─ lhe pediu Hills ─ longe de NYC Bia estaria a salvo. Ela então vagou despreocupadamente pela orla, tomou um pouco de sol, coisa que não fazia há mais de um ano e, finalmente, sorveu vagarosamente uma Heineken, gostava de cerveja, porém só no Brasil se costumava conseguir uma realmente gelada. Aquela estava como de costume, fresca, da maneira como preferem os americanos. Cansada, voltou ao hotel para um descanso, mas sequer teve coragem de entrar no quarto: a visão das tulipas na porta do 288, seu aposento, lhe provocou arrepios e uma crise de choro. Sem saber a quem recorrer, saiu desorientada: os faróis dos carros naquele lusco-fusco a entorpeciam ainda mais, sua cabeça pesava, ouvia as gargalhadas estridentes das turistas da quinta avenida ecoarem. Quando deu por si estava rodeada de pedestres, não sabia dizer quem era, de onde viera. Então os paramédicos do 911 chegaram, a examinaram e a encaminharam para a delegacia. Lá, pelo número do social security, conseguiram identificar a procedência dela. Como Beatriz estivesse sozinha em Harbor Beach, os policiais a acompanharam ao hotel, pegaram as coisas dela, fizeram o check out e a mandaram novamente para NYC.
Ao chegar à Big Apple, Bia reconheceu o Agente Hills: ele a esperava no aeroporto para conduzi-la para casa. Quando lá chegaram, a senhoria, aos prantos, a abraçou soluçando muito. O Agente Hills ajudou a dona da casa em que Bia alugava um quarto a fazer as malas dela e eles a levaram ao St. James Hospital. Desde a morte do noivo, no 11 de setembro, essa era sua nona internação psiquiátrica. Pensando em Jurgen estirado no chão, em frente o World Trade Center, na esquina da Liberty com a Church St. ela rememorava seu desespero. E, carregando as tulipas brancas bem junto ao corpo, ela repetia as últimas coisas que Jurgen, seu noivo, lhe dissera ao celular, pouco antes que os paramédicos o declarassem morto: “ eu estou bem querida. O susto foi grande, há muita agitação aqui e a poeira dificulta a respiração, mas tenho apenas ferimentos leves, só a dor de cabeça me incomoda. Serei encaminhado para o hospital e em uma semana estarei pronto para nos casarmos. Ache as mais bonitas tulipas brancas, como as que sempre lhe dou, e mantenha-as com você, onde elas estiverem eu estarei. I Love you, at last my Love has come along, my lonely days are over and life is like a song...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Algarismar - Fabiano Fontes

Algarismar
              Algo ali a rimar
                           Algo ri além mar  
                                        All Gagarin a   na             gar
                                                                          ve                   
                                                       Algo vi e pus-me a chorar
                                                                     Algo em mim quer matar
                                                                                                    Algo.

Ode Urbem - Fabiano Fontes

Hoje não quero nada
que me molhe a garganta.
Não quero o certo,
nem o errado,
nem tão pouco a medida
exata do ser.

Quero sim:
a fumaça das narinas
dos carros apressados
vomitando restos de cinzas
 pelas janelas.

E a estupidez racional
dos pontos de ônibus.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Essa é boa! Divirtam-se

Quando Deus fez o mundo, para que os homens prosperassem decidiu dar-lhes apenas duas virtudes. Assim:

- Aos Suíços os fez estudiosos e respeitadores da lei.
- Aos Ingleses, organizados e pontuais..
- Aos argentinos, chatos e arrogantes.
- Aos Japoneses, trabalhadores e disciplinados.
- Aos Italianos, alegres e românticos.

- Aos Franceses, cultos e finos.
- Aos Brasileiros, inteligentes, honestos e petistas.
O anjo anotou, mas logo em seguida, cheio de humildade e de medo, indagou:
- Senhor, a todos os povos do mundo foram dadas duas virtudes, porém, aos brasileiros foram dadas três! Isto não os fará soberbos em relação aos demais povos da terra?
- Muito bem observado, bom anjo! exclamou o Senhor.
- Isto é verdade!
- Façamos então uma correção! De agora em diante, os brasileiros, povo do meu coração, manterão estas três virtudes, mas nenhum deles poderá utilizar mais de duas simultaneamente, como os demais povos!
- Assim, o que for petista e honesto, não pode ser inteligente.
- O que for petista e inteligente , não pode ser honesto.
- E o que for inteligente e honesto, não pode ser petista.!!!!!!
Palavras do Senhor !!!.

Nota de esclarecimento
Fico triste quando usam a Internet para espalhar informações que não procedem! Enviaram-me hoje um e-mail dizendo que o sangue do nosso presidente é do tipo A-peritivo, e o dos que votaram nele dele é do tipo O-tário.
É muita sacanagem e falta de ética passar esse tipo de coisa.... Temos que divulgar informações corretas! O sangue do presidente é do tipo B-bum e o dos eleitores AB-estalhados.
Não esqueça:
A mentira tem perna curta, língua presa, barba branca e um dedo a menos...
P.S. - NÃO VOTEI NO "CARA" E NÃO VOU VOTAR NA "COROA".

terça-feira, 14 de setembro de 2010

PROFESSOR ESTÁ SEMPRE ERRADO Jô Soares

Não sei se o etxtoa seguir é realmente do Jô, recebi por e-mail, mas de qualquer forma achei curioso, por isso resolvi postar. Boa leitura!

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Precisa faltar, é um 'turista'.
Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, deu 'mole'.
É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui,
agradeça a ele!
Esta é para ser repassada mesmo.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Eleições chegando

Vi, na semana passada, a ótima Lucia Hypolito ( jornalista e comentarista da CBN) explicando ao eleitores um dúvida que, creio, seja de muitos, por isso resolvi repassar os ensinamentos dela aqui: Corre, sempre que há eleições, um boato de que se mais de 50% dos eleitores votarem branco ou nulo a eleição é anulada. Porém, só o TSE tem o poder de anular uma eleição caso algo nela tenha saído em desconformidade com a lei, por exemplo: compra de votos, transporte ilegal de eleitores, alimentação de eleitores paga pelo candidato, dentre outros. Quanto aos votos brancos e nulos, eles não são válidos e, por isso, não entram na contagem, ou seja, o cadidato eleito terá de ter percentual adequado apenas dos votos válidos. Portanto, meus amigos, VOTEM CORRETAMENTE, ESCOLHAM SEUS CANDIDATOS COM BASE EM PESQUISAS FEITAS POR VOCÊS MESMOS. NÃO CONFIEM CEGAMENTE NOS INSTITUTOS DE PESQUISA E, MUITO MENOS, VOTEM EM ALGUÉM PORQUE ACHAM QUE A CRIATURA VAI GANHAR.  A FIM DE NÃO PERDER O VOTO. Lembrem-se de que o Brasil até pagou o FMI, mas nossa dívida interna está pelas alturas e os cargos comissionados, no governo Lula, aumentaram para 64000, contra 11000 no período de FHC, o que já era uma exorbitância.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Vestígios do Nada- Giovana Fontes

O texto a seguir é, antes de mais nada, um exercício de escrita. Trata-se de um conto que eu creio que ainda esteja inacabado, mesmo assim resolvi dividi-lo com os nossos leitores ( nossa parece tão pedante isso ,né?), pelo menos com os 33 aqui cadastrados rssss, que têm coragem de palpitar sobre minhas loucuras. Leiam e comentem, se tiverem paciência.
Vestígios do nada
São definitivamente tortuosos os caminhos pelos quais a vida nos conduz. A pequena cidade de Sezelândia ainda não havia percebido algo de diferente naquela manhã. Mas eu, como sempre, esperava que uma coisa qualquer fantástica acontecesse e nos tirasse daquele marasmo em que vivíamos, eterno finados em dia de chuva!
Quando os moradores se reuniram diante da praça, espantados, falando muito, tergiversando sobre as possibilidades do ocorrido, ninguém de fato tinha idéia do que havia realmente se passado ali. Era treze de janeiro, um calor africano, sem vento, que desanimava até os refrigeradores de ar, havia se instaurado na cidade. Fato típico do período, porém dessa vez viera ainda mais intenso, como se uma caldeira imensa aquecesse o local sem que nada pudesse refrescá-lo.
Em meio à balburdia, seu Nicolino gritou que o neto dele havia desaparecido sem deixar rastros. Na mesma melodia monocórdica, em tom de ladainha, vieram os demais lamentos: D. Juvelina e D. Natalina também haviam perdido os netos; D. Suzana gritava pela filha; Até o bebê de 8 meses havia estranhamente desaparecido do ventre de Ernestina sem deixar rastros, como diabos isso era possível? Parto sem corte, sem dor, sem ser percebido pela mãe? Só podia mesmo ser coisa do demo, do tinhoso, do três dedos, dizia D. Juvelina se benzendo com galhos de arruda e guiné e fazendo o sinal da cruz.
Enquanto isso, Ernestina estava sentada na sarjeta, catatônica, repetindo sempre a mesma história: saíra de casa às 7 da noite com o marido para ir ao circo. A lona havia sido montada no dia anterior, aquela era a estréia, nenhuma alma da cidade havia faltado, estavam todos lá: inclusive os futuros desaparecidos. Quando ela e Geraldo voltaram para casa, por volta das 11 da noite tudo estava como de costume, mas eis que na manhã seguinte, ela, que dormira grávida, acordara como o ventre seco, como se o Augusto ( seu agora ex-futuro filho) nunca tivesse existido!
Num lampejo, Sezefredo – o Sherlock Holmes local,como era conhecido – teve a brilhante idéia: vamos refazer os passos de todos, nesse processo de reconstituição do acontecido não era possível que não encontrassem uma falha, um fato despercebido até então, um detalhe qualquer que os conduzisse a uma explicação!
O curioso era que nenhum dos envolvidos se via capaz de reproduzir seus próprios passos, parecia que houvera uma amnésia coletiva: lembravam-se de ter ido ao circo, porém esqueceram-se de todo o resto. Por mais que se esforçassem, nada vinha à memória, nem mesmo Sezefredo, cuja memória era de elefante, conseguia se recordar do que fizera. Salomão, o único que se mantinha calmo, pacientemente começou a proferir sua teoria, ouvida atentamente por todos, já que sua sapiência era notória. “Eu”, disse ele, “creio que estamos diante da mais pura manifestação sobrenatural. Muitos aqui devem se recordar do que aconteceu na cidade vizinha, Torvelinho, quando estranhos fenômenos levaram toda a cidade a mudar de atitude em relação à vida. Talvez seja isso que precisemos, quem sabe alguém não nos está dando uma oportunidade de repensarmos quem somos e como vivemos.”
As sábias palavras de Salomão ecoaram fundo nos moradores de Sezelândia, ninguém sabia o que dizer. Fazia sentido, mas por que eles? Era o que todos silenciosamente se perguntavam! Apenas Ernestina, ainda em transe, não ouvira nada do que foi dito. Ela só fazia repetir o nome de Augusto e depois fazia murmúrios incompreensíveis. Só muito mais tarde Salomão compreendeu que ela entoava versos de Castro Alves, que ele lhe ensinara, repetindo sempre a mesma triste parte: “todas têm os seus amores/eu não tenho mãe nem filhos/nem irmão, nem lar, nem flores”.
Por aquelas paragens era comum se ouvirem histórias de acontecidos misteriosos. Eu me lembro que quando era pequena minha avó costumava contar a história de Rosalva, uma menina que, de um dia para o outro, desapareceu sem deixar rastros. Ela me punha medo, dizia que moça direita não dava trela a qualquer rapaz, que aquela menina, a desaparecida, tinha sido levada pelo demo, porque ele ( o capeta) em noites de lua cheia aparecia todo vestido de branco, alinhado em seu terno, com um bonito chapéu, cortejando as moças namoradeiras. Depois, ele as tomava nos braços e saía rodopiando pela praça, valsando, gargalhando. Quando a moça estava completamente seduzida, ele retirava a alma dela e desaparecia com o corpo da pobre coitada, assim havia sido com Rosalva, repetia a vó. Mas depois que cresci, eu descobri que, na verdade, muitas dessas “sumidas”, inclusive a Rosalva, tinham era fugido com algum vendedor, acreditando que levariam uma vida melhor longe de Sezelândia, porém no fundo, na maioria das vezes, acabavam em algum prostíbulo de Belo Horizonte, abandonadas pelos “ noivos” que as deixavam lá com a promessa de vi-las buscar depois, o que jamais acontecia. No fundo, era esse o temor de minha avó. Só que comigo isso não se daria, estava para nascer o homem que me poria numa situação dessa, eu quero me casar sim, mas com alguém que me respeite. Vou sair desse fim de mundo, mas meu destino é o estudo. Quero ser normalista. Vou dedicar minha vida a desemburrecer as pessoas.
Bem enquanto eu me perdia nesses devaneios, a cidade se organizava para as buscas. Todos sabiam que o ocorrido de agora nada tinha a ver com essas memórias que eu evoquei e que muitos ali conheciam. O caso era completamente outro, até porque todos os desaparecidos eram crianças - e ainda tinha o Augusto...esse era o maior mistério, sumido do ventre da mãe...nem Salomão tinha resposta para isso, ainda!
De repente, em meio à multidão, ouviu-se Ernestina gritando: foi ele, eu sabia que aquele malabarista tinha algo de estranho, aqueles olhos fundos, as mãos alongadas demais, ele tocou minha barriga antes do espetáculo, disse que sempre sonhara em ser pai, mas que Deus não lhe dera essa graça. “Desgraçado”, bradava ela, “aquele maldito levou meu filho”. Porém, apesar de compadecidos com a dor de Ernestina, nenhum dos moradores dava crédito às palavras dela: como diabos o homem teria tirado Augusto de seu ventre sem deixar rastros...Muitos já começavam a pensar que a gravidez dela fosse falsa, psicológica, coisa de gente louca, porque bebê não some assim. Só que o Dr. Fausto, homem muito respeitado, afirmou que acompanhara a gravidez e que a criança estava sim no ventre dela, ele próprio ouvira o coração do bebê bater. A única sandice de tudo isso era Ernestina insistir em chamar a criança de Augusto, como se ela pudesse mesmo saber o sexo, coisa que era impossível naquele tempo, por aquelas bandas. Mas todos já estavam tão acostumados com isso que nem mesmo se davam conta dessa barbaridade.
Enquanto todos se desesperavam, afinal nada haviam lembrado, Salomão sugeriu uma nova tentativa: deveriam todos voltar ao circo naquela noite, iriam atentos não ao espetáculo, mas sim ao que acontecia na platéia durante a apresentação. Vieram os cães amestrados, o macaco com os palhaços e seu carro de bombeiro, o homem-cobra, os trapezistas... e nada, tudo parecia normal. Enfim, surgiu o malabarista: olhos fundos, pálpebras pintadas de negro e, em vez de trazer os tradicionais malabares, nesta noite ele trazia três ursos de pelúcia falantes. Todos ficaram espantados, jamais tinham visto coisa semelhante, apenas Sezefredo afirmou que vira numa fita de cinema algo parecido, segundo ele era coisa de americano, só podia ser. O malabarista então começou suas evoluções com os ursos, que gritavam e riam ( como se fossem animados) durante a apresentação. Ao final, ele passou os bichinhos de mão em mão e qual não foi o espanto quando as pessoas perceberam que eram bonecos comuns, como quaisquer outros, não possuiam orifícios muito menos algum equipamento que lhes possibilitasse falar. Assim absortos com os brinquedos nenhum dos moradores de Sezelândia percebeu que o tempo passara e que a noite se tornara dia. Quando saíram daquela espécie de transe, nada podiam dizer sobre o ocorrido. Quanto ao circo, desaparecera como que por encanto e nunca mais se soube se ele realmente estivera ali naquelas paragens ou não: a mente de todos estava esvaziada dos acontecimentos referentes àquele período, apenas uma estranha melodia ecoava na cabeça dos moradores quando os esforços se voltavam para as lembranças.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Duas bolas, por favor! Danuza Leão

Quem le este blog sabe que os textos aqui publicados via de regra são meus ou do Fabiano. Mas, resolvi abrir uma exceção, porque recebi este texto da Danuza Leão e o achei muito pertinente e curioso e, por isso, quis dividi-lo com nossos leitores. Espero que gostem.

Duas bolas, por favor!

Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir sorvete de sobremesa, contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente uma bolinha minúscula do meu sorvete preferido.


Uma só? Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa.

Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um litro de sorvete bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação.

O sorvete é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano.

A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade. A gente sai pra jantar, mas come pouco.

Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons.

Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil').

Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta.

Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel ridículo.

Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar. E por aí vai.

Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação...

Aí a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão...

Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'. Deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos.

Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções.

Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim: 'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'...

Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar várias bolas de sorvete, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado.

Um dia a gente cria juízo. Um dia. Não tem que ser agora!

Por isso, garçom, por favor, me traga: cinco bolas de sorvete de chocolate, um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order', uma caixa de trufas bem macias e o Richard Gere, nu, embrulhado pra presente. OK? Não necessariamente nessa ordem!

Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago...