Pensar nem sempre é estar doente dos olhos

O maravilhoso heterônimo de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, diz em um dos poemas que amamos que " pensar é estar doente dos olhos", porque ele quer que seus leitores se ponham a sentir o mundo. Mas, como hoje poucas pessoas fazem qualquer uma das duas coisas ( pensar e sentir), permitimo-nos dizer que sentir é fundamental, mas pensar também. Exercite essas duas capacidades: leia mais, viaje mais, converse mais com gente interessante, gaste seu tempo discutindo ideias e não pessoas.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Parodiando Gonçalves Dias- Giovana Fontes

Quando houve o escândalo com Fernando Collor, Jô Soares escreveu uma paródia da Canção do Exílio, satirizando a situação na época. Hoje, meu ócio criativo me fez lembrar disso aí resolvi brincar de parodiar também ( mas devo confessar que metrificar deu trabalho), considerando nosso estado atual na política. Aí vai meu exercício, espero que se divirtam:


Minha terra tem Cachoeiras


Monte Carlo em Goiás

Não permita Deus que eu morra

Sem ser pego o satanás

Minha terra tem Demóstenes

E o Congresso só da nó

Não permita Deus que eu morra

Sem que lote o xilindró

Minha terra tem acordos

Mensalão, maracutaia

Não permita Deus que eu morra

Antes que a casa caia

Minha terra tem um povo

Desligado, complacente

Não permita Deus que eu morra

Antes que mude essa gente

terça-feira, 8 de maio de 2012

Deus nos salve dos Ecochatos e dos falsos moralistas, amém!

Faz meses que não publico qualquer coisa no blog, andava muito ocupada, sem o necessário ócio criativo para refletir sobre as iniquidades do mundo e sobre os discursos furados, que são sempre meus assuntos preferidos. Porém, quem disse que um ócio forçado, devido a uma cirurgia, não pode se tornar criativo: here i am, the sharp tongue rides agains!

Vamos aos fatos: estou entediada de ter de assistir às ridículas manifestações dos ecochatos de plantão, fazendo cartazezinhos toscos para mostrar aos repórteres da Globo durante aVirada Cultural, pedindo o veto da presidente Dilma ao Novo Código Florestal. Meus Deus! Protestar, tudo bem, mas às vezes chego a crer que ignorância e obtusidade são contagiosos! O Brasil tem uma das( senão a) legislações ambientais mais completas e rígidas do MUNDO! TODOS os grandes especialistas no assunto já disseram que o Novo Código, como está, não será um código dos ruralistas. Mesmo assim, os ecochatos, defensores daquilo que APENAS ELES consideram ecologia, não se dão por vencidos.

O curioso é que não vi qualquer um deles por aí preocupadao com o que vai acontecer com as milhares de pessoas que ficarão desempregadas se o Código for vetado e aprovado como eles reivindicam. Vejamos o caso de uma cidadezinha do interior de São Paulo, cujo nome a caduquice me impede de lembrar no momento: o local tem 30 mil habitantes, dos quais 60% dependem exclusivamente do plantio de hortaliças. Porém, se o Código dos ecochatos for aprovado, a maior parte da área plantada terá de desaparecer, isso porque há dois córregos cujas margens precisariam ser protegidas dos vilões da plantação! Ocorre que não há erosões no local, nem poluição das águas, todos ali vivem pacificamente. Mas os politicamente corretos querem provocar  o desmeprego de milhares de trabalhadores para plantar mais algumas arvorezinhas, que meigo! Gente passando fome ou dependendo ad eternum de programas assistenciais pode, falta de arvorezinha não pode. Faça-me o favor! Além do mais é bom lembrar que os donos  das terras continuarão plantando, só que num espaço menor o que ocasionará não só a demissão de funcionários mas também uma alta no preço dos alimentos. Pensando bem, para quê comer? Vamos fazer dieta.

Não bastasse isso, pesquisas sobre as condições de vida dos brasileiros revelaram  semana passada que 37,5% dos brasileiros vivem de programas assistenciais do governo ou da caridade alheia. Querem protestar, então cobrem do governo federal que ele crie um plano B para a questão da fome, sim porque o plano A funcionou, até eu que sou antipetista assumida admito. Muitos brasileiros foram pinçados para longe da linha da miséria, ótimo, é para isso que os governos devem trabalhar. Só que  se não houver uma parte II do plano, que de a esses mesmos brasileiros educação e qualificação, eles passarão  a vida dependendo de assistencialismo e em breve estarão em condição sub-humana de novo. Ademais não é digno e nem viável economicamente passar a vida dependendo de assitencialismo. Portanto, ecoamiguinhos, querem reclamar, reclamem do que realmente faz sentido, até porque os grandes ruralistas, que os ecochatos imaginam atingir ao pedir o veto do Novo Código, não serão afetados simplesmente porque eles já são descumpridores contumazes da lei e estão se  lixando para ela; até porque o Brasil tem um problema crônico de fiscalização das leis e eles sabem muito bem disso: ou faltam fiscais em número adequado para fazê-lo; ou muitos são corruptos ou até os dois combinados.

Enfim, basta de inventar proibições inúteis de sacolinhas plásticas, as quais só serviram para que os mercados cobrem do consumidor por aquilo que antes distribuiam( e ainda ocasionaram a demissão de vários indivíduos que trabalhavam na produção dessas sacolas), já que o consumidor precisa dipensar o lixo e o fará com outro tipo de plástico, ou seja, em nada o meio ambiente será ajudado. Preocupe-mo-nos com o que interessa e realmente faz sentido: cuidar da natureza é preciso, mas exageros jamais levaram a lugar algum e, sim, ecochatos, o ser humano é mais importante do que a natureza, porque um ambiente exuberante e preservadíssimo de nada nos servirá se morrernos de fome e tenho dito!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Escola de Bernardo–poesia à Manoel–Fabiano Fontes

 

*

Tsunami é palavra espirro,

então,

Deus espirrou no Japão?

 

*

Manoel é poeta palavra

              enfeitiça natureza

                              encanta gente

                                          e queria ser Bernardo.

 

*

Hoje choveu o dia todo

e os meus olhos se sentiram enxutos

por alguns segundos

 

*

Para que tanta relógio?

se ainda não aprendi

a dobrar os ponteiros do tempo.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Sou meio burrinha....

Às vezes, em virtude de eu ser meio burrinha, tenho dificuldade de compreender algumas coisas, portanto estou pedindo ajuda: alguém pode me explicar por que, mesmo depois de todos os escândalos no DNIT, o governo federal acabou de liberar 500 milhões em verbas extras para obras justamente em estados investigados por desvios?????
Eu sou a única que fica indignada com isso?
Dificuldade número 2: CPMF de volta, depois de todas as promessas?????? Eu já assumi aqui que, embora não tenha votado nela, até agora estou gostando do governo Dilma, mas a presidente precisa garantir que esta barbárie da CPMF não retorne: NÃO precisamos de mais impostos, precisamos de HONESTIDADE, TRANSPARÊNCIA E BOM DESTINO DOS RECURSOS PÚBLICOS, isso, certamente, resolveria boa parte das mazelas da saúde sem a necessidade de mais cobranças. Já trabalhamos 4 meses do ano só para pagar impostos, não é possível que isso não seja suficiente!
Difuldade número 3: onde foram parar as notícias sobre o escândalo envolvendo a ministra chefe da Casa Civil e o marudo dela? Ouvi na CBN uma entrevista com ela tentando explicar o inexplicável. Embora o Sardenberg tenha feito de tudo para fazê-la admitir que ser despedida da Itaipu com direito a indenização(quando, na verdade, foi ela quem pediu demissão) era antiético, ela saiu com evasivas. Se o governo está realmente limpando a casa, como dizem, então a faxina tem de ser geral. É preciso cortar na própria carne.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O ciume lançou sua flecha preta....

Tenho visto estes dias nos jornais notícias sobre um assunto que me deixou intrigada: Dilma não quer ouvir elogios demasiados a seu governo. Isso mesmo: NÃO QUER ELOGIOS! É a primeira vez que vejo isso na história desse país ( kkkk). Porém, logo compreendi o que estava acontecendo: o ex-presidente Luis Inácio Aparecidinho Mimado Egocêntrico Lula da Silva ficou de biquinho, magoadinho porque a criatura está fazendo mais sucesso do que o criador, não é curioso? Lula escolheu Dilma como sucessora, pensavam todos, porque confiava na capacidade administrativa dela ( coisa que ele próprio nunca teve), mas vejam só, ele queria mesmo era um sucessor impopular, que não suplantasse seu carisma. Ora faça-me um favor, o Brasil precisa de um(a) presidente competente e não de um galã ou queridinho do povo que seja populista. Até agora, aliás, eu estou pagando minha língua e espero pagar muito mais. Sim, porque todos sabem que não votei na Dilma porque não gosto dos governos do PT de um modo geral ( aqui em Maringá tinha sido péssimo e o de Lula dispensa cometários), entretanto até agora ela tem me surpreendido para o bem e eu quero mais é ter mesmo de pagar a minha língua, porque se isso acontecer é sinal de que o país tomou o rumo certo após 8 anos de viagens, palavrório, metáforas desgastadas sobre futebol e muitos escândalos de corrupção não resolvidos.
O que me espanta, diante do ciuminho de Lula, é pensar que ele pode ter imaginado colocar Dilma na presidência só para poder mandar nela e continuar sendo o cara. Até eu que  não sou do PT percebi, já na época da campanha, que a presidente poderia ter qualquer defeito, mas certamente não seria submissa: o histórico dela já demosntrava que era alguém de opinião forte. É, parafraseando Geraldo Azevedo:  O ciume lançou sua flecha preta e se viu ferido justo na garganta, quem nem alegre, nem triste, nem poeta, nem presidente, entre São Paulo e Brasília não mais encanta!

domingo, 7 de agosto de 2011

A arte de não dizer

Há semanas tento escrever um post que não sai. Palavra presa na garganta, recôndita em algum canto escuro do nada.Tenho pensado muito sobre o não dizer, sobre o calar proposital, vácuo de palavra que permite aos pensamentos se ordenarem. O problema é que o vazio verbal insiste em me perseguir: será que já gastei todas palavras a serem escritas? Será que o léxico que me sobrou é apenas uma junção non sense do nada? Nesse caso eu poderia pegar um jornal e uma tesoura e fazer um poema dadaísta, porém isso é gasto, vanguarda datada presa ao seu tempo. Bem, se não sou Verlaine, Mallarmé, Rosa, Lispector, Pessoa ou Espanca, se minhas palavras inúteis estão surradas - jeans velho esperando o dia da pescaria no fundo do armário - só me resta o consolo nas palavras de Emily Dickinson: "Uma palavra morre/quando é dita/dir-se-ia/ mas eu digo:/ ela apenas vive nesse dia." Tomara que ela tenha razão.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Reforma Política Urgente!

Acabo de ler no site de O Globo:"O Senado terá, com a morte de Itamar Franco e a possível posse de José Perrella , quase um quinto dos seus parlamentares em exercício "sem voto". Ao todo, dos 81 senadores, 15 parlamentares (18,5% do total) são suplentes que assumiram ou vão ocupar vaga na Casa ainda em 2011. Os motivos das substituições são variados, mas a maioria ocorreu quando os senadores renunciaram para disputar o cargo de governador (5 casos) ou pediram afastamento para chefiar um ministério (4 casos)." 
Isso é simplesmente vergonhoso! Já passou da hora de haver uma reforma polítca que, entre outras coisas, acabe com esses suplentes nomeados por partidos, afinal quando votamos em um senador quantas vezes vemos divulgados os nomes dos suplentes? Quem são eles? Por que foram escolhidos? O certo seria que a cadeira deixada vaga, por qualquer motivo que seja, fosse ocupada pelo senador que obtivera mais votos na sequência dos que foram eleitos, ou seja, se formaria uma espécie de "lista de espera para segunda chamada."
Além disso, é fundamental que a reforma polítca atinja também os municípios e estados. Aqui em Maringá, por exemplo, já que a lei teoricamente permite, os nossos ilustres vereadores estão querendo aumentar novamente o número de membros na Câmara de 15 para 21. A pergunta é para quê? O que têm feito os 15 vereadores que já existem?

 A verdade é que nossos políticos, de uma forma geral ( salvo raríssimas exceções) são pouco atuantes, muito discursivos e demasiadamente interessados nas benesse advindas de seus cargos. Resultado prático de seu trabalho vemos pouco, porém pedidos de aumentos de verbas, aumento de cargos comissionados, nepotismo e impunidade vemos muito. O que me espanta é que, apesar disso tudo, muitas pessoas ainda têm coragem de dizer que não querem saber de polítca. Ora, se com alguns cuidando muita "palhaçada" já acontece ( Tiririca Deputado e lutando pela Edução, vejam só o paradoxo) imaginem se abríssemos mão. O que precisamos é de voto facultativo, voto distrital misto, fim da suplência como está, redução de cargos comissionados e muita, mas muita, fiscalização popular para ver se este "País do futuro" se transforma em nação do presente algum dia.