Pensar nem sempre é estar doente dos olhos

O maravilhoso heterônimo de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, diz em um dos poemas que amamos que " pensar é estar doente dos olhos", porque ele quer que seus leitores se ponham a sentir o mundo. Mas, como hoje poucas pessoas fazem qualquer uma das duas coisas ( pensar e sentir), permitimo-nos dizer que sentir é fundamental, mas pensar também. Exercite essas duas capacidades: leia mais, viaje mais, converse mais com gente interessante, gaste seu tempo discutindo ideias e não pessoas.

domingo, 1 de maio de 2011

Ecologia ou Economia?

A recente proibição do uso de sacolas plásticas nos supermercados de Minas Gerais e a tentativa do estado de São Paulo de seguir o mesmo caminho me fizeram refletir sobre os reais motivos de tais leis. É óbvio que, à primeira vista, tudo reside numa preocupação ecológica, afinal tais sacolas levam centenas de anos para se decompor no meio ambiente. Entretanto, eu receio que os motivos reais sejam menos nobres. Pensem comigo, se objetivo é proteger a natureza, então bastaria substituir as atuais sacolas pelas biodegradáveis ou pelas antigas embalagens de papel craft usadas na minha infância. Mas estas também são poluentes, dizens uns, será? E, se forem, por que então as biodegradáveis serão vendidas pelos mercados? Parece-me lógico que quase a maioria dos consumidores reutiliza as sacolinhas de mercado para acondicionar lixo e, caso estas deixem de ser distribuídas, obrigarão os cidadãos a comprar outros saquinhos para depositar o lixo, sim, porque ele continuará tendo de ser descaratado, logo os plásticos serão utlizados da mesma forma. Porém, os mercados e afins, ao deixar de distribuir as sacolinhas não só vão economizar milhares de reais por ano como ainda vão lucrar com a venda de sacolas retornáveis e de sacolas biodegradáveis. Aliás, vi no jornal que estas últimas custarão ao consumidor R$ 0,19 a unidade, um absurdo para um produto que deve custar a esses mesmos mercados algo em torno de R$ 0,03, ou seja, o consumidor novamente pagará a conta. Por isso, sinto que a lei tem um fim muito mais econômico do que ecológico. Ademais há que se pensar ainda na falta de praticidade: como levar para casa as compras de mês? Como vai se virar o consumidor que não tem carro? Ah, esse poderá contratar as entregas dos mercados que também ganharão mais com esse serviço. A pergunta é: se não vão oferecer sacolas para proteger o meio ambiente, vão fazer entregas com carros elétricos, já que são pouco poluentes? Enfim, não sei se estamos diante de uma dúvida cruel ou de mais uma dívida cruel.

2 comentários:

  1. Pelo menos eu teria um motivo para não sair de casa pra fazer feira. Foi mal ... não resisti. :)

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  2. Exatamente, já estamos vivendo isso aqui - e mesmo com os escritos nas sacolas de que elas são 100% biodegradáveis. De acordo com o Procon, a venda de sacolas é proibida - ou eles dão ou não dão, mas nos grandes supermercados aqui a coisa continua da mesma forma - sacolinhas a 0.19. Minha dúvida é: eles acham que a gente não percebe isso ou não estão nem aí pro que a gente acha? Acho que a segunda opção faz mais sentido...

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