Pensar nem sempre é estar doente dos olhos

O maravilhoso heterônimo de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, diz em um dos poemas que amamos que " pensar é estar doente dos olhos", porque ele quer que seus leitores se ponham a sentir o mundo. Mas, como hoje poucas pessoas fazem qualquer uma das duas coisas ( pensar e sentir), permitimo-nos dizer que sentir é fundamental, mas pensar também. Exercite essas duas capacidades: leia mais, viaje mais, converse mais com gente interessante, gaste seu tempo discutindo ideias e não pessoas.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

De quando a boa educação se torna uma falha

 

Os recentes episódios envolvendo o abusadinho Neymar, jogador do Santos Futebol Clube, me levam a crer que os valores educacionais estão realmente sendo substituídos por interesses comerciais, por mais que isto seja óbvio. Como pode um garoto mimado, sem educação, grosseiro, que se acha melhor do que os demais porque enriqueceu, conseguir derrubar um técnico que, corretamente, o puniu para educá-lo? Desde quando impor limites é crime?

Casos como este, ao contrário do que pensam muitos, não dizem respeito apenas ao universo do futebol: eles ilustram a incapacidade de muitos pais de darem limites e valores morais a seus filhos. A demissão de Dorival Dias, por ter punido Neymar, da ao protegidinho projeto de craque a sensação de que a vida correrá sempre de acordo com aquilo que ele quiser e mais: que ele tinha razão, como é rico, pode tudo. E eu ainda vejo pessoas defendo o garoto: ele é adolescente, são coisas da idade. Sim e daí? Errou, tem de ser punido, precisa saber que o mundo tem regras que não são as dele, que respeito é bom e todos gostam. Além disso, precisa saber que existe algo chamado hierarquia , respeito àqueles que são nossos superiores em cargos; além de entender uma lição que deveria ter trazido de casa: se não respeitou o técnico por ser seu superior hieráquico que pelo menos o respeitasse por ser mais velho, assim manda a boa educação. Eu realmente temo viver num mundo povoado por esses reizinhos mandões intocáveis, “umbigocêntricos”, sem poder de frustração. Quando magoados, eles liberam uma agressividade difícil de conter.

3 comentários:

  1. Concordo plenamente! Deixando ele imune a esse fato só faz com que a rebeldia dele aumente. Vamos ver quantos dias mais serão precisos para escutarmos mais uma atitude mimada de um dos novos queridinhos da atualidade...
    Um comentário a parte: As regras existem para nos livrar do “caos”, mas a justificativa da maioria dos inconsequentes é que elas existem para serem burladas... =/

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  2. Nem preciso comentar o quanto concordo com você.
    Entendo que devemos apoiar e incentivar o esporte, porém vou ser muito sincera eu ODEIO futebol. E uma das coisas que me fazem ter esse sentimento, é que ao contrário dos demais esportes, criou-se a idéia de que se você "jogar" muito bem, você não precisa estudar, basta ser "achado" por um grande time fazer seu papel e ficar milionário... jogador de futebol não precisar ser educado ou instruído. Basta ter futebol no pé!?!
    Como não existe limite para os salários milionários no futebol e a cultura entre eles é festinhas, carro importado e mulheres, acabamos tendo como exemplo jovens como Neymar e adultos como Bruno (entre tantos outros).
    Tenho receios quando vejo uma pai falar para o filho que ele vai ser jogador de futebol; por que por trás desse discurso não esta o desejo de ter um filho atleta e sim de ter um filho famoso e cheio do dinheiro.
    Vivemos em uma sociedade de adultos sem limites, é o filhinho de papai da zona sul que atropela um inocente e o pai manda fugir sem prestar socorro, é o aluno que briga no colégio e escuta do pai em casa dizer que filho dele tem q bater mesmo, porque não deve levar desaforo pra casa... e outros tantos exemplos que não caberiam aqui.
    Me revolto como pessoa, em ver que uma torcida e a direção de um time possa aceitar tal situação. Mas num país como o nosso que pára de trabalhar pra assistir um jogo podemos esperar o quê??
    Poxa... eu amoooo volêi, será que não podíamos também parar de trabalhar para ver a liga mundial?? rsrsrsrs
    Ao menos ali, sei que íamos assistir o verdadeiro espírito de equipe, união e disciplina que todo esporte exige. Não essas demonstrações públicas de superego que infelizmente temos no futebol.
    Tenho medo desse nosso mundo de hoje... que filhos são esses?? e que pais são esses???
    Definitivamente vergonhoso!!!!

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  3. Coitado. Já dizia um professor meu: "Tó cincão e se mata filho", é um "Zé" na sociedade. Dá até uma certa vergonha (vergonha alheia).

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